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Marvel’s Iron Man VR – Review

Um dos maiores impactos sentidos pela cultura pop nas últimas duas décadas foram os filmes de super-heróis. Aos poucos, essas produções multimilionárias foram tomando as telas dos cinemas, emendando diversos sucessos (e fracassos) até que tudo mudaria completamente em 2008. Naquele ano, a Marvel Studios iniciou seu ambicioso plano de criar um universo cinematográfico compartilhado e, para começar tamanho projeto escolheram um herói pouco conhecido além de um ator que estava em baixa para interpretá-lo. Creio que a partir daqui todos conhecem a história, certo? Depois de reerguer a indústria dos quadrinhos sendo o estopim inicial para o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), o Homem de Ferro finalmente dá as caras nos games novamente em um jogo próprio.


Marvel’s Iron Man VR é o mais novo exclusivo para PlayStation VR em que os jogadores poderão finalmente vestir a icônica armadura do Homem de Ferro e voar pelos céus em uma aventura inédita. Desenvolvido pela Camouflaj, o jogo nos apresenta uma nova versão de Tony Stark, que parece um híbrido da persona que vemos nos quadrinhos do herói e com a sua carismática versão dos cinemas, interpretada por Robert Downey Jr. A narrativa do game tem início alguns anos após Tony se revelar publicamente como Iron Man, passar o comando das indústrias Stark para Pepper Potts e unir-se aos Vingadores.


Nosso querido gênio, milionário, playboy e filantropo, se esforça no seu dia a dia para tentar deixar de lado o seu passado como vendedor de armas, mas tudo acaba tomando um rumo inesperado quando uma misteriosa figura chamada “Fantasma” (Ghost no original) tenta assassinar Tony e Pepper durante um voo de negócios, utilizando tecnologia roubada do herói. O que se sucede então é uma busca por respostas com a finalidade de descobrir a real identidade da vilã e suas motivações, que acaba fazendo com que Tony reative Gunsmith, uma inteligência artificial feita com base em si mesmo, que o auxiliava na fabricação de armas bélicas. Pouco a pouco a trama nos levará a confrontar o passado do herói, suas ambições e métodos, questionando a todo o momento suas ações e levando Stark a uma interessante jornada de autodescoberta e renascimento.


Sendo sincero, nunca fui um grande fã das aventuras solo do herói nos quadrinhos, em que normalmente ele atua bem melhor durante as sagas principais da Marvel. No entanto, o Homem de Ferro alcançou o seu ápice em 1996 com o clássico “O Demônio na Garrafa”. Confesso que me surpreendi com a narrativa apresentada pelo jogo, uma vez que é perceptível a atenção dos seus roteiristas para criar um universo que faça jus à história do herói construída ao longo de décadas nos quadrinhos. O enredo tem fortes inspirações em histórias como “The Mask of Iron Man”, “Extremis”, “O Superior Homem de Ferro” e até do primeiro filme de 2008, havendo bastante fan service e referências para quem ama o universo da Marvel como um todo. Mas não tema, ainda que haja muita base proveniente dos quadrinhos, os desenvolvedores se certificaram de criar uma experiência amigável e acessível a todos. Portanto, mesmo que você só conheça o super-herói por meio dos filmes ou desenhos animados, será capaz de entender plenamente o que é apresentado aqui.

Ainda que o roteiro apresente alguns furos de roteiro e certa previsibilidade com relação a uma de suas reviravoltas, ele consegue prender a atenção do jogador durante a sua duração de cerca de 8 horas, que pode se estender bastante caso você opte por explorar tudo que o game tem a oferecer. Em minha opinião, a narrativa só peca em se estender sem necessidade em certos pontos, que só estão ali para mostrar outras funcionalidades do título. Outro detalhe que pouco importa são algumas opções de diálogos que não interferem em nada o curso da campanha. O jogo se encontra totalmente dublado e legendado em português do Brasil, sendo impossível não elogiar o ótimo trabalho de dublagem realizado, que conta com o dublador oficial de Robert Downey Jr, Marco Ribeiro, entregando um desempenho magistral como de costume.


Em relação ao game em si, Marvel’s Iron Man VR exige um par de PlayStation Moves para a experiência, possuindo um esquema de comandos que, apesar de um pouco complexo para iniciantes no PS VR, funciona muito bem quando perfeitamente dominado pelo jogador. Com os gatilhos você pode ativar os propulsores da armadura com suas mãos e, em dadas ocasiões, pode segurar e manipular objetos. Já o botão central do controle serve para acionar os raios repulsores e os armamentos auxiliares equipados. Como de costume, os botões quadrado e triângulo funcionam para rotacionar a sua visão, enquanto que o círculo faz com que você possa pairar no ar. Por fim, ao segurar o botão X você pode carregar e desferir socos em seus inimigos. Pode parecer simples, mas a real complexidade está em controlar a armadura do herói, uma vez que a física e lógica aplicada aqui, são as mesmas que vemos nos filmes.

Por exemplo, para nos movimentarmos em uma direção, devemos acionar um dos propulsores em nossas mãos e direcioná-lo para trás. Caso você utilize as duas palmas para isso, obviamente se locomoverá mais rápido, tendo ainda a opção de ativar um impulso ao pressionar seguidamente os gatilhos do PlayStation Move. Enquanto nos movemos podemos ajustar o ângulo do voo com a nossa cabeça, e para realizar curvas é necessário o uso cirúrgico dos botões de rotação. É preciso muita atenção enquanto voamos, ainda mais quando associamos isso ao combate, uma vez que alterar levemente a direção dos propulsores pode causar desvios significativos na trajetória de voo. Então sim, no início você colidirá muito contra rochas, prédios e outros objetos, mas assim que pegar o jeito, se sentirá o verdadeiro Homem de Ferro voando pelos céus.


Outro ponto em relação aos controles que precisa ser dito, é sobre o armamento auxiliar do personagem. Ao invés de apertar algum botão para acessar as armas secundárias em nossos pulsos, o time de desenvolvimento da Camouflaj preferiu optar por criar uma experiência mais próxima de estar trajando uma armadura real, dessa forma tornando o equipamento auxiliar acessível com o simples movimento dos pulsos. Basta abaixar levemente a palma de sua mão que a armadura revelará mísseis, metralhadoras, granadas e outros equipamentos para utilizar contra os inimigos. Uma abordagem diferente e realmente criativa, porém em certos momentos em que a ação está a mil, é inevitável que o jogador acabe acessando o armamento auxiliar por acidente durante o combate.

A experiência geral com o headset VR é de se elogiar, e não tive quaisquer tipo de enjoos e dores de durante o meu tempo com o título, algo que eu temia por conta de experiências com jogos como EVE:Valkyrie ou StarBlood Arena. Mas caso você venha a sentir algum efeito colateral, fique tranquilo, uma vez que há uma gama interessante de opções que podem ser ajustadas para deixar o game mais confortável. Por exemplo, é possível definir quantos graus você deseja virar ao pressionar o botão de rotação, assim como definir a velocidade da mesma, transformando-a de algo instantâneo para uma súbita virada. Você pode definir ainda sua altura em jogo e inverter os controles de voo caso seja de sua preferência. Minha única crítica é em relação ao fato de sermos obrigados a jogar o game de pé, uma vez que há um excesso de loadings demorados.


A campanha principal contém 12 capítulos, cada um oferecendo uma dinâmica e ritmo bastante semelhantes. Inicialmente estamos na pele de Tony Stark explorando sua mansão e outras localidades (como a base aérea da S.H.I.E.L.D., por exemplo) interagindo com algum personagem e eventualmente vestindo a armadura para dar início a alguma missão. Algo bastante divertido é explorar a mansão Stark e ver suas funcionalidades e segredos. Entretanto, nem todas as áreas do game oferecem essa liberdade e muitos mapas são compostos de dois ou três pontos de interação, sem ter muito para explorar, como o interior da base aérea da S.H.I.E.L.D.

A mansão Stark funciona como um hub principal entre as missões, e aqui você pode realizar melhorias na armadura, selecionar missões, examinar informações coletadas dos inimigos, visualizar troféus obtidos em uma prateleira e ter um vislumbre do que acontece no universo do jogo com documentos e arquivos de áudio. Há inclusive uma área totalmente opcional que o jogador pode acessar para jogar basketball em uma máquina de Arcade, malhar e até mesmo comer, com a finalidade de nos mostrar um pouco da vida cotidiana de Tony. Mas se você realmente quer se sentir o verdadeiro Tony Stark, é justamente na hora de personalizar a armadura que o jogo brilha.


No centro de sua garagem temos a icônica armadura do Homem de Ferro e podemos customizar completamente as suas funções a nosso bel prazer. Para isso é necessário que o jogador possua pontos de melhoria que podem ser obtidos normalmente ao longo da campanha principal ou através da realização de missões secundárias. Há um arsenal de 6 armas secundárias diferentes que podem ser equipadas em cada braço da armadura (uma por vez), consistindo em mísseis inteligentes, granadas de fragmentação, lasers, metralhadoras e etc. É possível balancear os lasers repulsores, que funcionam como nossa arma principal contra inimigos, para terem melhor cadência de tiros ou força. Podemos ajustar a velocidade, aceleração e estabilidade dos propulsores, e instalar nano-robôs para consertar a armadura de Tony nos combates. E claro, é possível obter novas pinturas para armadura ao realizar certos objetivos em jogo. Essa última função particularmente não achei tão interessante, uma vez que na prática só muda a cor que você verá seus braços dentro do game, mas fãs devem ficar satisfeitos que existem boas referências aos quadrinhos por meio disso.


Com relação aos mapas principais em que exploramos com o auxílio da armadura, eles são extremamente bem feitos, oferecendo toda a verticalidade e extensão necessária para voarmos como quisermos. Entretanto, por melhor que esses mapas sejam, os desenvolvedores acabaram cometendo um erro ao reutilizarem a esmo durante a campanha. Por exemplo, o primeiro mapa que compõe o exterior da mansão de Tony Stark em Malibu é palco para quatro capítulos da história principal. Isso acaba tirando um pouco do charme que o jogo propõe ao jogador ao apresentar a seleção de missões por meio de um globo terrestre holográfico, dando a entender que haverá diversas localidades do mundo para se explorar, quando na realidade você tem apenas cerca de 6 mapas que são reutilizados ao longo da campanha.


O jogo ainda oferece missões secundárias que podem ser realizadas para obter pontos de aprimoramento para a armadura. Essas missões secundárias se encontram sob a forma de desafios de voo e combate. Durante os desafios de voo, você terá que voar através de uma quantidade pré-definida de anéis e obstáculos diferentes com o objetivo de atingir o menor tempo possível. Já nos desafios de combate você deve eliminar 5 ondas diferentes de inimigos o mais rápido possível, se atentando a receber pouco dano e a realizar combos de eliminações. Com base em seu desempenho nesses desafios você pode obter uma classificação de 1 a 5 estrelas que lhe rendem número em pontos de aprimoramento. Por fim, caso você apenas deseje voar por aí sem nenhum compromisso, há o modo de voo livre, para explorar os cenários como preferir livre de combates com inimigos.


O combate do jogo é bem agradável e divertido, porém o maior problema é a variedade de inimigos apresentados em Marvel’s Iron Man VR. São apenas 6 tipos de inimigos (com exceção dos chefes) que enfrentamos ao longo de todo o jogo e, por mais que eles apareçam sob diferentes situações e possuam cada uma suas peculiaridades, é provável que o jogador fique incomodado ao longo da aventura com essa falta de diversidade. Existem apenas dois chefes por sua vez, sendo que um deles é enfrentado múltiplas vezes ao longo da campanha, com cada encontro adicionando um padrão de ataque diferente a ele. Existem ainda ações únicas que podem ser realizadas dentro de certas missões, como por exemplo consertar as asas de um avião, apagar incêndios, desarmar bombas, e até mesmo construir equipamentos de alta tecnologia. São momentos bem pontuais dentro das missões, mas que oferecem uma variabilidade interessante no gameplay, quebrando a sua repetição e fazendo o jogador realizar atos realmente heroicos.


Por fim, é preciso realizar uma última crítica com relação à performance de Marvel’s Iron Man VR. Apesar do jogo rodar sem nenhuma queda de quadros ao longo de sua campanha, é impossível não apontar a falta de polimento do título em relação aos seus loadings. O jogo possui diversas telas de carregamentos, que por si só não seriam um problema, se não fosse por conta de sua longa duração. Para entrar em uma simples missão é preciso esperar por quase dois minutos, algo que pode soar pouco durante a história, mas que pesa quando se deseja acessar as missões secundárias, já que estas duram por volta de três a quatro minutos cada. Não é possível acessar outra missão secundária a partir de uma que você já entrou, exigindo que você passe por uma tela de carregamento para voltar para garagem e outra tela caso deseje acessar uma nova missão. Existem loadings entre cutscenes, e loadings para se reiniciar de um ponto de controle caso você falhe em algum momento durante a missão. Até mesmo ao apertar start e ir ao menu de pausa há um atraso de seis a nove segundos para que o mesmo seja exibido. Lembre-se que, para jogar o game é preciso ficar de pé, e tantos loadings acabam impossibilitando longas sessões sem que haja uma pausa para descansar as pernas. Vale lembrar que esse problema pode (ou não) ser resolvido através de atualizações, a depender do momento em que você esteja lendo essa análise.


Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Sony Interactive Entertainment.



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